Individualogia


Introdução sintética:

A Individualogia é a ciência-filosófica que estuda a Individualidade. Em tudo o que isso implica e envolve. Dentro do enquadramento da filosofia da consciência, prática, e "terapêutica". A Individualidade é o ser humano, cada ser humano, a pessoa. Ontologicamente, dentro daquilo que une todos os outros, e daquilo que o singulariza. A Individualogia nasceu para a Individualidade, com a Individualidade. O Individualismo nasceu para dar efeitos práticos à Individualogia. O que é o Individualismo? A filosofia prática da Individualogia (enquanto filosofia da consciência).

Na Individualogia procura-se utilizar todas as áreas da filosofia, para efeitos práticos, possíveis de contribuir para a felicidade das pessoas. Onde até os conhecimentos da lógica pura deverão ser tidos em conta. Ajudando cada a Individualidade a realizar-se na sua singularidade, sem categorizar absolutamente o que é, todavia, contribuindo formalmente para a sua auto-consciência.

Um dos grandes objetivos da Individualogia (enquanto filosofia da consciência) e do individualismo (enquanto filosofia aplicada) são a contribuição para a Consciência e Felicidade das pessoas através da filosofia. Todos os princípios fundamentais apresentados seguidamente como os da lógica, da hermenêutica, da verdade, da ética e da consciência, servem para honrar esses objetivos primeiros.

Porquê "individualismo"?

O que é o idealismo? É uma centragem na ideia. O que é o subjetivismo? É uma centragem no sujeito? O que é o objetivismo? É uma centragem no objeto. O que é o realismo? É uma centragem no real. O que é o absurdismo? É uma centragem no absurdo. Ora, o Individualismo é uma centragem na própria Individualidade. O que é comum no apelo à auto-estima, à auto-consciência, à auto-responsabilização, à auto-ajuda, à liberdade, à (in)dependência emocional e intelectual, etc.? É um apelo à centragem na própria Individualidade. Todas estas realidades são prioridades para a Individualogia em termos de filosofia da consciência, prática e terapêutica. O Individualismo é uma proposta de filosofia prática da Individualogia. Com o Individualismo, a Individualogia sublinha a necessidade de uma Individualidade se procurar realizar de "dentro para fora", procurando contrariar a tendência egoica relativa à «síndrome da vitimização». Em que a Individualidade culpa tudo o que está à sua volta pelo estado em que se encontra a sua vida, numa tentativa vã de realização de "fora para dentro".

Apresentação do enquadramento filosófico:

Vou começar este ensaio da Individualogia, discursando em cima de uma citação associada a uma das quatro nobres verdades da filosofia budista, "a causa do sofrimento é a ignorância". Ora, admitindo a possibilidade deste «axioma» corresponder minimamente com a realidade da Individualidade, a pergunta que se pode seguir é: que ignorância é que está em causa? Portanto, estamos a falar da lacuna de algum tipo de conhecimentos - consciência de algo - que poderá estar em falta. Entre essas quatro nobres verdades há outras duas que também saltam para a atenção: "O sofrimento existe", a primeira nobre verdade, e, "o sofrimento pode acabar". Fazendo-se o quê? Nomeadamente, resolvendo-se essa mesma ignorância. Um tipo específico de ignorância que continua por ser descoberto. Para o ser. Principalmente diante quem sofre, quem se sente infeliz, dentro deste enquadramento, a primeira coisa que deverá fazer é: admitir a própria ignorância. Seguidamente, acreditar que a resolução da ignorância poderá contribuir para a resolução do estado de infelicidade. Portanto, ele terá de resolver o problema da ignorância. A primeira coisa que cada pessoa que se sente infeliz deve fazer é, compreender que os seus saberes, as suas crenças e as suas escolhas, até ao instante, não estão a conseguir resolver esse problema. Logo, precisa de adquirir novos conhecimentos, o que implicará uma necessidade de mudança na consciência. Logo, tem de dignificar ontologicamente a Diferença e a Mudança. Pois, aquilo que já sabe, aquilo que já acredita e aquilo que já escolhe, essa mesmice, criou o estado de infelicidade que vive. Por causa destas categorias da consciência, mas não só, crio a teoria da «Tríade Sistemática». Ela envolve três sistemas fundamentais da consciência. Em termos formais. Eles são, o "sistema de saberes", o "sistema de crenças" e o "sistema de escolhas". Eles correlacionam-se naturalmente, seja de forma consciente ou inconsciente. O "sistema de saberes" envolve todas as ideias que possam ocorrer na consciência. Relativas a coisas reais ou irreais. Qualquer forma de informação, ou conhecimento. O "sistema de crenças" envolve todas as crenças que uma pessoa pode realizar, de forma consciente ou inconsciente. O "saber" é a condição de possibilidade da crença. Pois só se pode acreditar em algo que exista na consciência, mesmo que não exista na realidade objetiva. O "sistema de saberes" é a condição de possibilidade do sistema de crenças. Acreditar, é escolher acreditar num "saber". Mesmo que de forma inconsciente. E o "sistema de escolhas"? É todo o conjunto de escolhas que se podem realizar. Escolher "acreditar" num "saber", por exemplo, é uma forma de escolha. O sistema de escolhas também envolve uma ação física. E porque é que estou a teorizar acerca desta "tríade sistemática"? O que é que tem a ver com o axioma assumido aprioristicamente , "a causa do sofrimento é a ignorância"? Tudo. Quando se está infeliz, é sinal de que o "sistema de saberes" tem de se expandir, ora, tem de se adquirir novos conhecimentos, o "sistema de crenças" tem de se transformar, ora, é necessário abandonar algumas crenças e "escolher" outras, a partir dos novos conhecimentos adquiridos, e é preciso repensar todas as escolhas. Tudo isto implica a necessidade de uma profunda "abertura consciencial". Abertura para novas ideias. Mas é isso que acontece? A maioria das vezes não. As pessoas, mesmo infelizes, não basta estarem com um "sistema de saberes" limitado, e um "sistema de crenças" incapaz, realizando uma data de escolhas que se prova deficiente, na busca pela felicidade, ainda se apegam a esse estado de consciência. Pois, mesmo que de forma inconsciente, o consideram "superior". Portanto, estamos a falar de bloqueios e apegos intelectuais, que impedem a transição do estado de infelicidade para um estado de felicidade. Há um egocentrismo ideológico (inconsciente) que cria a infelicidade, e impede a alteração desse estado. Colocando necessariamente a pessoa numa posição de vítima, e impotência para alterar a sua vida. Aquele que sofre tem de se tornar humilde, tem de admitir a própria ignorância, tem de admitir que aquilo que sabe não está a ser suficiente, tem de admitir que aquilo em que acredita não está a ser suficiente, tem de admitir que aquilo que escolhe não está a ser suficiente. E quando existe profundos bloqueios intelectuais, faz-se de tudo para conservar o estado de consciência em que se encontra. Muitas vezes de forma "maquiavélica", "não se olhando a meios para se atingir os fins". Uma pessoa com um profundo bloqueio intelectual, ora, apegada a determinadas crenças ideológicas, quando deparada com uma proposta de verdade que denuncie a falibilidade e incongruências das próprias crenças, de forma inconsciente, fará de tudo para lhe retirar força. Tudo para não ter de se colocar em causa. Nem que para isso deturpe e denigra os seus argumentos. Na maioria das vezes, com falácias do espantalho, deturpando-se o argumento original para o tornar mais facilmente refutável, e assim poder continuar igual, não se colocando em causa. Portanto, quando deparada com uma outra proposta de verdade, o que lhe será mais fácil e confortável na imediatidade, será rotular de "sem sentido", sem lógica, e "é um autêntico absurdo". Mesmo que não saiba nada acerca disso. Pois o importante é conservar o seu estado de consciência a todo o custo. Por causa do seu bloqueio intelectual. Todavia, se o conhecimento é a condição de possibilidade da compreensão, com que bases é que poderá julgar que, algo que não conhece, a dita hipotética diferente proposta de verdade, tem lógica ou não? Nenhuma. Pois não se pode compreender aquilo que não se conhece, e não se poderá conhecer aquilo que não se quiser conhecer, por não se estar aberto para isso. Ora, a "abertura consciencial". Com base neste enquadramento, mas não só, criei os "princípios fundamentais para a verdade". Uma vez que, por causa de uma precipitação-hermenêutica, facilmente se considera que não tem lógica uma lógica que poder-se-á ainda não ter compreendido. Eles são, a "diversidade elementar", a "congruência correlativa" e a "sustentação pela totalidade". Estes princípios dizem respeito a uma teoria da logicidade que eu criei, em que, logicidade é uma possibilidade-lógica, ou uma realidade-lógica, entre outras coisas, aprioristicamente. Pois, é preciso dar o "benefício da dúvida" a qualquer logicidade que, aprioristicamente, ainda não se sabe se tem lógica ou não. Acontece com muita frequência, pessoas com bloqueios intelectuais, com apegos intelectuais, precipitarem-se em julgar que algo "não tem lógica", crenças diferentes, só porque são diferentes. Assim, simplesmente. Desconhecendo profundamente os seus conteúdos ou hipotéticos fundamentos. O que não é nada bom para quem "está a sofrer", por causa da sua ignorância, e insuficiência das suas crenças. Não estando aberta para ideias, para crenças diferentes, o que é exatamente aquilo que precisa. Pois a mesmice não está a resolver nada. Para quem está infeliz, as ideias diferentes, são a condição de possibilidade para sair desse estado. Não quero dizer que todas as ideias diferentes possam ajudar a sair desse estado. Estou a dizer que só as diferentes é que poderão ter alguma que poderá ajudar a sair desse estado. Mas essa ideia diferente, a "diferente proposta de verdade", precisa de ser recebida e interpretada tal como é, não, nunca, completamente deturpada com a dita falácia do espantalho. O que acaba por acontecer de forma inconsciente. E para isso, mas não só, criei os "princípios fundamentais para a verdade". Eles são: Princípio filosófico, princípio da escolha, princípio da aceitação, princípio da compreensão, princípio da humilde-dúvida, e princípio da sustentação empírica-objetiva. O "princípio filosófico" resume-se no "amor crescente à verdade", em que se admite a possibilidade existência de uma verdade ("diferente proposta de verdade") mais verdadeira relativamente àquilo que se acredita ser verdade até então. É um princípio da humilde dúvida. O "princípio da escolha" resume-se à necessidade de escolhermos a verdade a todo o custo. Nunca a ilusão. O "princípio da aceitação" resume-se à necessidade emocional de se aceitar a verdade tal como ela é, implicando a necessidade de se enfrentar o "desconforto intelectual", quando ela não é como se gostaria aprioristicamente que fosse. O "princípio da compreensão", resume-se à necessidade de escolhermos compreender a verdade tal como ela se apresenta em conhecimento. Além de também se resumir à necessidade de se procurar analisar a logicidade de cada proposta de verdade. O "princípio da sustentação empírica-objetiva" diz respeito às verdades em que se pode e deve procurar provar através da experiência. Onde a experiência é o critério de verdade e validade. Estes princípios deverão ajudar a potenciar a necessidade da "abertura consciencial" principalmente diante que se encontra num estado de felicidade.

É preciso, filosoficamente, indicar caminhos básicos para se poder ser feliz. Mas também, desconstruir a consciência no sentido de se perceber o que impede uma pessoa de transitar de um estado de infelicidade para um estado de felicidade. Ora, ajudando-a a resolver, pelo menos formalmente, a ignorância que causa o seu sofrimento. É preciso resolver o que causa o estado de ignorância e o que impede uma pessoa de sair desse estado.

Uma pessoa que se encontra infeliz, mas não só, precisa de realizar uma data de consciências. Precisa de realizar o "relativo relativismo hermenêutico". Em que consiste? Colocar aprioristicamente e relativamente, todas as crenças diferentes (outras propostas de verdade) em "pé de igualdade". Para que, ao não as inferiorizar e denegrir, de forma inconsciente, possa conhecê-las e compreedê-las adequadamente, lidando de forma direta com aquilo que a poderá ajudar a sair desse estado. Portanto, a abertura consciencial precisa do relativismo hermenêutico. A pessoa precisa também de procurar realizar o "dever hermenêutico". Que consiste na necessidade que deve assumir diante si mesma, de procurar verdadeiramente conhecer e compreender tudo aquilo que é diferente, e que coloca mesmo que de forma indireta as próprias crenças em causa. Esse dever hermenêutico implica também a necessidade de se procurar o lado positivo de tudo aquilo que se procura interpretar, de maneira a não correr o risco do egocentrismo ideológico de só querer negativizar aquilo que poderá manifestar-se diferente das próprias crenças. Um autêntico princípio-compreensivo, em que se procura verdadeiramente compreender seja o que for. Ao invés de se optar pelo princípio-denigrativo, aquele em que se procurar denegrir aquilo que aprioristicamente se mostra diferente das próprias crenças (um princípio comum diante que tem apegos e bloqueios intelectuais).

E em termos ético-morais? Em que medida é que a ética pode e deve contribuir para a felicidade? De muitas maneiras. Entre elas, os "princípios fundamentais para a ética" que criei. O "princípio de consciência legalicista", o "princípio de consciência da moral atual", e o "princípio de consciência evolutiva". O "princípio de consciência legalicista" envolve, entre outras coisas, a necessidade de a consciência adquirir conhecimentos acerca das leis objetivas do universo, acerca das leis jurídicas, e das diversas orientações éticas possíveis, no sentido de conquistar a felicidade. Tudo o que envolve a lei, tanto no sentido objetivo como no sentido subjetivo, e relacional, deverá ser tido em conta. Por exemplo: se toda a causa tem um efeito consequente, que causas é que devo ou não-devo causar, no sentido de poder ser feliz? O "princípio de consciência da moral atual" refere-se à necessidade de se ganhar uma profunda consciência (no fundo, uma profunda autoconsciência) no sentido de se compreender que escolhas ético-morais é que se andam a realizar na atualidade. Dentro do enquadramento da "tríade sistemática". E o "princípio de consciência evolutiva" refere-se à necessidade de se estar sempre aberto para se transformar positivamente e construtivamente a própria realidade ético-moral. Onde, sem se deixar de participar de um relativo relativismo ético, deve-se admitir a possibilidade de existência de uma realidade ético-moral mais causadora de felicidade do que aquela que se realiza na atualidade. Ora, uma vez mais, a realização plena destes princípios só será possível caso se concretize uma profunda "abertura consciencial".

Conceitos de hermenêutica fundamentais para a filosofia aplicada:

Hermenêutica: Ciência da interpretação para a compreensão.

Exercício hermenêutico: Ação interpretativa. Análise interpretativa.

Principais exercícios hermenêuticos: Princípio compreensivo (tentativa verdadeira de compreensão de seja o que for); princípio denigrativo (tentativa de denigração de seja o que for, mesmo que de forma inconsciente, o que acaba por levar à realização da falácia da denigração hermenêutica apriorística); e princípio da fuga (fuga ao exercício hermenêutico).

Relativismo hermenêutico (ou relativo relativismo hermenêutico): Consiste na necessidade apriorística de se colocar todos os assuntos em "pé de igualdade". No sentido de se potenciar aprioristicamente a "abertura consciencial" necessária para se poder conhecer e compreender adequadamente tudo aquilo que se pré-dispõe a interpretar. Quando se tem alguma forma de bloqueio ou apego intelectuais, tende-se a "inferiorizar" todos os assuntos (crenças, ideias, ideologias, etc.), diferentes ou contrários, principalmente aqueles que poderão, de alguma forma, colocar em causa as próprias crenças. Essa "inferiorização" apriorística é que levará naturalmente à "denigração hermenêutica", levando a que se realize, mesmo que de forma inconsciente, a falácia do espantalho, em que se deturpe argumentos para os tornar mais facilmente refutáveis. Portanto, o relativo relativismo hermenêutico é a base para todo o "exercício hermenêutico". Uma das máximas da Individualogia e do Individualismo relativo é a proposta do relativismo hermenêutico como forma de filosofia prática.

Dever hermenêutico: Realização do princípio compreensivo. O dever hermenêutico é o dever que cada sujeito tem, relativamente à necessidade de realizar o exercício hermenêutico diante tudo aquilo que deseja criticar. Ou seja, deve-se procurar compreender (aprioristicamente) tudo aquilo que se deseja criticar. Esse dever obriga o sujeito-hermeneuta a procurar o lado positivo e objetivo de cada objeto interpretativo. Principalmente diante assuntos desconhecidos, onde pode existir uma discordância ou descrença apriorísticas. Essa necessidade de se procurar o lado positivo serve para se tentar contrariar a tendência egoica de se procurar "negativizar", denegrir e deturpar, tudo aquilo que é diferente, relativamente àquilo que se acredita no instante. Por exemplo. O relativismo hermenêutico é uma das condições de possibilidade do cumprimento do dever hermenêutico. O dever hermenêutico serve para se tentar contrariar a tendência egoica de se realizar o "princípio denigrativo".

Denigração hermenêutica: Tentativa de denigração, negativização, inferiorização e deturpação do objeto que se está a interpretar e criticar. Acontece principalmente quando não se consegue realizar o "relativo relativismo hermenêutico". Devido a bloqueios e apegos intelectuais. Quando se está profundamente apegado a determinadas crenças, não se querendo abrir mão delas a todo o custo, pois já se as eleva a condição de superioridade, mesmo que de forma inconsciente, mas principalmente quando se está diante um objeto interpretativo que possa colocar em causa as mesmas, denunciando algumas incongruências, acaba-se por se realizar a "denigração hermenêutica". É a denigração hermenêutica que leva à realização da tão famosa "falácia do espantalho". Não só, mas também. Todos aqueles que têm apegos e bloqueios intelectuais, acabam por realizar de forma inconsciente denigrações hermenêuticas diante tudo o que é diferente, diante tudo aquilo que se desacredita, desconhece ou discorda, aprioristicamente.

Precipitação hermenêutica: Falta de prudência-hermenêutica. Acontece quando se precipita a tirar conclusões daquilo que se está a interpretar. Quando não se sabe o suficiente do objeto interpretativo mas já se julga sabê-lo. Acontece com muita frequência quando se julga que "não tem lógica, uma lógica que poder-se-á ainda não ter compreendido". Por exemplo. O que acaba por demonstrar uma falha num dos "princípio fundamentais da lógica", a "sustentação pela totalidade".

Psicologia hermenêutica: Necessidade de reconhecimento da psicologia para se compreender o exercício hermenêutico, dentro daquilo que o condiciona e dentro daquilo que o potencia.

Filosofia aplicada e a intelectualidade:

Conforto intelectual: O conforto intelectual é relativo à "zona de conforto intelectual". Tudo o que é relativo ao que já se conhece, já se acredita, já se compreende e já se concorda, direta ou indiretamente, de uma maneira ou de outra, é relativo à zona de conforto intelectual. Portanto, no enquadramento da tríade sistemática, o conforto intelectual é relativo àquilo que já se sabe, àquilo que já se acredita e àquilo que já se escolhe. A dita "mesmice". O conforto intelectual é a zona de conforto do ego de cada pessoa. No conforto intelectual, pouco ou nada se aprende, pouco ou nada se transforma, pouco ou nada se muda, pouco ou nada se evolui, etc.

Desconforto intelectual: O desconforto intelectual é relativo à "zona de desconforto intelectual". O que acaba por ser o lado contrário, oposto, ao conforto intelectual. Tudo o que é relativo ao que ainda não se conhece, ainda não se acredita, ainda não se compreende ou ainda não se concorda, direta ou indiretamente, de uma maneira ou de outra, diz respeito ao desconforto intelectual. O desconforto intelectual é uma das grandes fugas do ego. O ego está sempre a fugir do desconforto intelectual, porque está sempre a fugir da dor. Quando alguém vive uma ilusão, acreditando ser uma verdade, quando foge de algo que possa colocar essa mesma ilusão em causa, podendo gerar a "desilusão", no fundo, foge da dor, fugindo do desconforto intelectual. Tudo o que se aprende verdadeiramente, todas as grandes descobertas, no fundo, só podem acontecer na zona de desconforto intelectual. Pois, na mesmice do conforto intelectual, não há nada de novo.

Bloqueio intelectual: O bloqueio intelectual acontece quando, por alguma razão, está-se apegado a alguma crença. Não se querendo abrir mão a todo o custo. Acontece quando, por alguma fragilidade emocional, não se consegue sair da zona de conforto intelectual. O que causa o bloqueio intelectual é o apego intelectual, que por sua vez é causado pelo próprio ego. Tudo acontecendo de forma inconsciente. Aquele que está com algum bloqueio intelectual, tem medo de sofrer, caso saia da zona de conforto intelectual, mesmo que esteja a sofrer muito dentro dessa mesma zona. Por norma, aquele que tem um bloqueio intelectual, é aquele que sofre, mas também aquele que tem medo de sofrer. Apesar de o bloqueio intelectual ser uma das maiores causas do sofrimento, ao não permitir que aquele que sofre consiga resolver o problema da sua ignorância, que causa esse mesmo sofrimento.

Apego intelectual: O apego intelectual é o momento de transição entre o ego e o bloqueio intelectual. É o elo de ligação entre ambos. O apego é a prisão, é o auto-aprisionamento da consciência, na consciência. É o apego intelectual que bloqueia o exercício da liberdade intelectual, e a realização da abertura consciencial.

Abertura consciencial: Acontece quando se consegue exercer plenamente a liberdade intelectual. Sem apegos, sem bloqueios, sem julgamentos, sem prisões e sem fugas egoicas. Ou pelo menos tentando contrariá-las. Acontece quando se consegue realizar o "relativo relativismo hermenêutico". Acontece quando não se tem medo, ou se enfrenta o medo, de se entrar na "zona de desconforto intelectual". Acontece quando se dignifica ontologicamente a Diferença e a Mudança. Aquele que tem abertura consciencial, precisa de (aprioristicamente) admitir a sua ignorância, e a hipotética necessidade de mudança, no encontro com coisas novas e diferentes. A abertura consciencial acontece quando se abre o "sistema de saberes" para se poder adquirir novos conhecimentos, e se disponibiliza o "sistema de crenças" para uma eventual necessidade de reformulação estrutural.

Conservadorismo intelectual: Acontece quando se está apegado e bloqueado em termos intelectuais, relativamente a determinadas crenças, não se querendo abrir mão a toda a força, ora, querendo-se conservá-las a todo o custo. O conservadorismo intelectual é uma espécie de "maquiavelismo intelectual". Porquê? Porque aquele que quer conservar uma crença, "não olha a meios para atingir os fins", no sentido de a querer conservar, e de a impor, a todo o custo. O dono da razão é um "conservador intelectual". O conservadorismo intelectual acontece quando não se quer sair da "zona de desconforto intelectual", acontece quando não se conseguir realizar o "relativo relativismo intelectual"* (e hermenêutico). *(Digo "relativo" relativismo pois só se pretende que seja relativista dentro de determinados perímetros positivos, produtivos e construtivos para a consciência e ética).

O "dono da razão": O dono da razão é a figura do sujeito egoico. Aquele que está bloqueado e apegado intelectualmente. Aquele que é incapaz de sair profundamente da sua "zona de conforto intelectual". É aquele que já elevou os conteúdos do seu sistema de crenças a condição de superioridade, olhando para tudo o que lhe difere, como se fosse inferior e imediatamente errado. O dono da razão é o exemplo contrário daquele que se poderia chamar de "relativo relativista". O dono da razão é aquele que vive constantemente com medo da Diferença e da Mudança. Ele nunca admite verdadeiramente a sua ignorância (a não ser por um comportamento aparente de falsa modéstia), nem admite a possibilidade de estar errado em algo, ou de existir a possibilidade de existência de uma verdade mais verdadeira do que aquela que acredita até então (princípio filosófico - relativo aos "princípios fundamentais para a verdade"). O dono da razão é aquele que, sendo infeliz, nunca conseguirá deixar de sê-lo, pois não está aberto nem disponível para uma transformação consciencial. O dono da razão é um exemplo cliché daquele que não tem o mínimo de abertura consciencial. O dono da razão está sempre a realizar os princípios hermenêuticos - denigrativo e de fuga. Está sempre a inferiorizar, denegrir, deturpar e ridicularizar tudo que seja contrário ao seu sistema de crenças. Como o dono da razão julga que já chegou à Razão, eleva-a a condição de Universalidade e de Necessidade, impondo essa mesma razão a todos os que lhe diferem. Por isso é que o dono da razão é também o ditador dessa mesma razão. Não há um ditador da humanidade que não se julgue ou julgasse, de uma maneira ou de outra, um dono da razão. Uma das prioridades da Individualogia e do Individualismo é a desconstrução e dissipação do "dono da razão".

O ego: O ego é uma atitude mental, é um «sistema de sobrevivência», que serve para as pessoas fugirem da dor e da morte, e também do "desconforto", na imediatidade. É um mecanismo inconsciente. O ego também é um reflexo de toda a formatação cultural que cada pessoa adquire desde que nasce, pois acontece de "fora para dentro". O que cria o "macaquinho de imitação" incapaz de pensar por si mesmo, ora, fazendo uso pleno da sua liberdade intelectual inerente, é o ego. É o ego de cada pessoa que cria os seus bloqueios e apegos intelectuais. É o ego que cria e alimenta o "dono da razão", e o conservadorismo intelectual. Como o ego funciona como sistema de sobrevivência que serve para se fugir da dor e do desconforto, faz com que se fuja, de forma inconsciente, da "zona de desconforto intelectual. Pois o desconhecido pode ser sinal de perigo. E, mudar é sempre desconfortável. Ora, sendo, de uma maneira ou de outra, a ignorância, uma forma de desconhecimento, e ao mesmo tempo a causa do sofrimento, o ego, ao fazer com que se fuja do desconhecido, da mudança e da diferença, faz com que se perpetue o sofrimento. Portanto, o mesmo ego que serve para a sobrevivência, pode ser também a causa mais radical do sofrimento humano. É preciso equilibrar isso.

O individualismo intelectual: O individualismo intelectual corresponde à verdadeira realização da Liberdade intelectual. Ele pressupõe a existência de uma profunda abertura consciencial. Pressupõe a realização desta trilogia fundamental da consciência: curiosidade liberdade e independência intelectuais. Pressupõe a capacidade de se afirmar um "relativo relativismo hermenêutico" (intelectual). Pressupõe uma tentativa de realização intelectual de "dentro para fora", o que significa que não mais se incorpora e imita a formatação cultural que se recebe desde que se nasce acriticamente. No individualismo intelectual coloca-se tudo em causa. Questiona-se tudo. Não se tem medo de se sair da "zona de conforto intelectual". Não se vive em função do medo de se ser rejeitado intelectualmente pelos outros, pelo conservadorismo intelectual dos outros, por "maiorias". Os grandes contrários do individualismo intelectual são os bloqueios e apegos intelectuais, são o egocentrismo e conservadorismo intelectuais. No individualismo intelectual, não se segue cegamente "ídolos" e "autoridades". No individualismo intelectual, cada pessoa se responsabiliza pela estado da sua consciência. Não se é, não se pode ser, escravo das ideias e ideologias alheias. Não se pode ser escravo de convenções, tradições, hábitos e arquétipos socioculturais. O terreno por excelência do individualismo intelectual é a "zona de desconforto intelectual".

Autoestima e individualismo intelectual: A autoestima é fundamental para se poder realizar o individualismo intelectual, ora, a plena trilogia fundamental da consciência: Curiosidade, liberdade e independência intelectuais. Para começar, autoestima, entre outras coisas, é uma questão de independência emocional. Com autoestima, a pessoa gosta de si, independentemente de terceiros gostarem ou não. A autoestima verdadeira, como acontece de "dentro para fora", não depende de algo externo. Portanto, com autoestima, não se depende emocionalmente da valorização intelectual dos outros. Quem, por não ter independência emocional, andar sempre em busca de reconhecimento intelectual dos outros, e, para isso, andar sempre a tentar corresponder as expectativas que poderão ter de si, não conseguindo afirmar algo novo ou diferente, pois tem medo de poder ser rejeitado pelos pares, nunca conseguirá afirmar um individualismo intelectual. A não ser que desenvolva a sua independência emocional. O individualismo intelectual, tal como a independência emocional, acontece de "dentro para fora". Ser individualista-intelectual é ousar pensar por si mesmo em qualquer circunstância. Principalmente quando essa circunstância é o terreno do "desconforto intelectual", onde o desconhecimento, a ignorância, a descrença, a discordância, ou o confronto com algo que coloca em causa as próprias crenças (denunciando falhas e incongruências), se apresenta na imediatidade.

Aquele que não tem autoestima, aquele que tem medo de ser rejeitado pelos outros por não ter autoestima, aquele que tem medo de ser diferente pois tem medo de ser rejeitado pelos outros por causa disso, certamente terá medo de pensar de forma diferente. Grande parte dos bloqueios intelectuais que as pessoas vivem é criado pela falta de autoestima. É impossível desligar a autoestima da liberdade intelectual, portanto, do individualismo intelectual.

Lógica e filosofia aplicada:

Há três princípios fundamentais da lógica que sempre deverão ser tidos em conta em termos de filosofia aplicada, eles são: 1º "Diversidade elementar", 2º "Congruência correlativa" e 3º "Sustentação pela totalidade".

Logicidade: Estes princípios fundamentais da lógica dizem respeito ao conceito de logicidade. Uma logicidade, aprioristicamente, é uma tentativa, tendência, realidade, subjetividade, objetividade ou realidade lógicas. Por exemplo, quando se entra em contacto com uma nova teoria, devemos admitir aprioristicamente que estamos diante uma logicidade, no sentido de estarmos diante uma possibilidade lógica. Isto para podermos afirmar o "relativo relativismo hermenêutico", evitando a precipitação-hermenêutica e a falácia da denigração apriorística, ou o princípio da fuga. O que devemos fazer de seguida é procurar conhecer e compreender os diversos elementos de que se constitui (a "diversidade elementar"), procurar o sentido que possam ter entre eles (a "congruência correlativa"), e procurar conhecer o máximo, se possível, a totalidade, dos elementos em que se constitui essa mesma teoria, para se perceber se há verdadeiramente congruência ou não (na "sustentação pela totalidade"). Neste enquadramento, todos os conceitos, teorias, ideias, ideais, ideologias, crenças, sistemas filosóficos, etc., são, aprioristicamente, logicidades. Porquê a necessidade de admissão apriorística da logicidade diante tudo? Porque, facilmente se considera que não tem lógica uma lógica que poder-se-á ainda não ter compreendido. Porque, quando há um egocentrismo intelectual, quando há um conservadorismo intelectual, quando se acredita ser "dono da razão", quando se vive com bloqueios e apegos intelectuais, facilmente se realiza princípios denigrativos e de fuga diante tudo aquilo que difere das próprias crenças, principalmente quando de alguma maneira as coloca em causa, ou denuncia incongruências. Há que cumprir o dever hermenêutico. Há que realizar o "princípio filosófico" (princípios fundamentais para a verdade). Quantas vezes uma determinada teoria foi e é considera absurda, sem sentido, e sem lógica, por quem a desconhece. Por quem não a conhece minimamente. Ora se não conhece minimamente uma determinada teoria, como é que estará em condições para compreender a sua "sustentação pela totalidade"? Pois. Este princípio lógico da "sustentação pela totalidade" obriga as pessoas a tornarem-se mais humildes, mais prudentes, menos precipitadas, antes de rotularem seja qual for a teoria de: um absurdo.

A ignorância e a filosofia aplicada:

Há duas formas fundamentais da ignorância: A "ignorância por estado" (ou, estado natural de ignorância), e a "ignorância por escolha". A ignorância por estado diz respeito à ignorância de todas as pessoas. Todas as pessoas são ignorantes em alguma coisa, ou de alguma maneira. É impossível saber tudo acerca de tudo. No entanto, só porque não dá para conhecer tudo acerca de tudo, não significa que a busca pelo conhecimento, pela consciência e autoconsciência sejam buscas vãs ou sem sentido. Deve-se amar a sabedoria, deve-se amar a verdade, deve-se procurá-la e encontrá-la. A "ignorância por escolha" diz respeito a uma escolha (intencional mas inconsciente) da ignorância. Acontece quando? Quando, por exemplo, se realiza o "princípio denigrativo" e o "princípio de fuga" (hermenêuticos). Acontece quando não se participa de liberdade, curiosidade e independência intelectuais. Acontece quando não se questiona, quando não se busca o conhecimento, quando se vive com conservadorismo e egocentrismo intelectuais. Por exemplo, entre outros. Ora, voltando a uma das nobres verdades da filosofia budista, "a causa do sofrimento é a ignorância", como é que uma pessoa que escolhe de forma inconsciente a ignorância, realizando escolhas que não a deixam sair desse estado, poderá resolver o problema do sofrimento? Pois. Precisa exatamente de parar de escolher a ignorância. Precisa de analisar, desconstruir e resolver os bloqueios e apegos intelectuais que não permitem que realize a nobre "abertura consciencial", fundamental para, a par com a vontade, poder resolver o flagelo da ignorância. A pessoa precisa de procurar ter em conta os princípios fundamentais para a verdade, os princípios relacionados com a hermenêutica e a lógica, e os princípios fundamentais da ética. Colocando-os adequadamente em prática.

Princípios fundamentais para a verdade:

(Ou seja, princípios fundamentais que deverão ser tidos em conta diante qualquer proposta de verdade que se apresente).

Princípio filosófico: É preciso "amar a sabedoria", ora amar a verdade. E quem ama procura, questiona, coloca em causa, dá atenção. Este princípio filosófico é também da "abertura consciencial", na medida em que se admite a possibilidade de existência de uma verdade mais verdadeira do que aquela que se acredita até então. (Dentro do princípio filosófico também existe o: Princípio da humilde-dúvida: O ego, além de criar ilusões, é incapaz de as colocar em causa, é incapaz de admitir a possibilidade de as mesmas serem «ilusões», pseudo-verdades; e para se poder contrariar essa tendência inconsciente, deve-se participar sempre de uma certa «humilde-dúvida», com aquilo a que se pode chamar de "abertura consciencial". A humilde-dúvida deve servir para se poder dissipar o apego-inconsciente às ilusões. A humilde-dúvida é a condição de possibilidade da «desilusão», ou seja, da libertação da ilusão. Com a humilde-dúvida, deve-se admitir a possibilidade de, "aquilo que se acredita ser verdade", poder não ser assim tão "verdade", ora, podendo ser uma "ilusão". Com a humilde-dúvida, deve-se procurar desativar o próprio ego, em termos de restrição para se chegar à verdade.)

Princípio da escolha: É preciso escolher a verdade. A verdade necessita de ser escolhida. Não é congruente escolher a verdade e a ilusão ao mesmo tempo, não dá para escolher a verdade e fugir dela ao mesmo tempo, por exemplo. A verdade precisa de um "convite" para entrar. Ela não poderá entrar numa mente que não a escolha.

Princípio da aceitação: A verdade precisa de ser aceite tal como é, depois de ser escolhida incondicionalmente. Precisa também de ser aceite de forma incondicional. Por muito desconfortável que seja. Ora, aqui está a necessidade de se aceitar processar emocionalmente o "desconforto intelectual".

Princípio da compreensão: A verdade precisa de ser compreendida. É necessária a vontade de compreensão de qualquer proposta de verdade que se apresente. Principalmente no que diz respeito à sua logicidade (e aqui também deverão ser tidos em conta os princípios fundamentais da lógica). Para o efeito deste princípio, é necessária a realização do "dever hermenêutico". Ora, do princípio compreensivo em primeiro lugar.

Princípio da verificalidade ou da sustentação empírica-objetiva: Dependendo de que verdade se esteja a tratar, a verdade deve ser sustentada empírica-objetivamente. Há verdades analíticas que não dependem deste princípio. Este é o princípio mais adequado para as verdades científicas, ou seja, aquelas que dependem da verificação da experiência.

A imitação egoica e o individualismo intelectual:

Desde que uma pessoa nasce, vai recebendo uma formação, ora, formatação, inconsciente. Vai incorporando e imitando o ambiente que a envolve (ora, realizando-se de "fora para dentro", pois, imitar e incorporar pressupõe este movimento do extrínseco para o intrínseco). Vai incorporando e imitando, desde o ambiente familiar, sistemas de ensino por onde vai passando, cultura em que está inserida, organização política e social, tradições, hábitos, arquétipos, etc. O problema não existe necessariamente nesse envolvimento de aprendizagem com o meio em que se encontra inserida. O problema existe principalmente na incapacidade (falta de vontade) de o colocar em causa, de o questionar. Ninguém deve passar a vida toda a incorporar e imitar (tipo "macaquinho de imitação") tudo o que está à sua volta, como se fosse absolutamente certo (ética) e verdadeiro (filosofia do conhecimento). Ora, abdicando-se da Liberdade intelectual inerente. No individualismo intelectual, cada pessoa deve responsabilizar-se por fazer uso da liberdade intelectual que tem para colocar em causa e questionar de forma independente, principalmente, tudo o que envolve as suas escolhas. Apenas imitar e incorporar são as escolhas mais fáceis e confortáveis. Pois não implica tanta probabilidade de rejeição dos outros, nomeadamente das "maiorias". Todavia, no individualismo intelectual não se segue maiorias, muito menos só porque assim o são. Esta liberdade intelectual proposta pelo individualismo intelectual pressupõe uma responsabilidade intelectual. Por exemplo, quando algo é "errado", é "errado", não importa se há muitas ou poucas pessoas a fazê-lo. No individualismo intelectual não se realiza algo "errado" (eticamente) só porque uma maioria o realiza. Se é errado é errado, não se faz. E se é certo é certo, faz-se. Claro que, relativamente. Estes são alguns dos imperativos do individualismo intelectual.

Ora, "a causa do sofrimento é a ignorância", sim, mas também poderá ser toda a imitação e incorporação sociocultural que se realiza e realizou de forma inconsciente. Por vezes as pessoas são e foram reprimidas e oprimidas afetivamente e sexualmente por valores e arquétipos socioculturais que incorporaram de forma inconsciente desde que nasceram, e não imaginam que sejam uma das origens do próprio sofrimento. Agora, vamos imaginar que são exatamente esses mesmos valores em que estão apegadas. Tornando o problema ainda maior. Não é nada fácil uma pessoa colocar algo em causa, muito menos colocar-se em causa. Mas é absolutamente necessário, principalmente quando se está infeliz. Isto levará as princípios fundamentais da ética que deverão ser colocados em cima da mesa.

Princípios fundamentais da ética:

(São princípios muito abrangentes mas orientadores).

Princípio de consciência legalicista: É fundamental que se procure conhecer todo o tipo de leis, em termos de causalidade. Leis científicas e jurídicas. Pois, todas as causas têm efeitos, tudo o que se semeia colhe-se, todos os antecedentes têm consequentes, inexoravelmente. Por exemplo, que leis devo criar e seguir para, respeitar, ser respeitado e feliz?

Princípio de consciência da moral atual: Deve-se centrar a atenção na moral atual, ou seja, nas escolhas ético-morais que se estão a realizar no instante. Aqui dever-se-á procurar congruência entre o sistema de crenças e o sistema de escolhas. Por vezes, no sistema de crenças de uma pessoa, algo é eticamente errado, mas em termos práticos está-se a realizá-lo. Por exemplo, entre outros. Pois também se deve ter em atenção se as escolhas ético-morais que se estão a realizar poderão levar à felicidade, ou, de que forma poderão estar a criar uma vida infeliz.

Princípio de consciência evolutiva: Este princípio realiza-se a par com o "princípio filosófico". Deve-se estar sempre aberto para se colocar a própria dimensão ético-moral em causa, admitindo-se a possibilidade de haver uma melhor. Não só estando-se aberto para como procurando-a.



A Individualogia é uma ciência-filosófica que estuda a Individualidade. Em termos terapêuticos (consultas) trata-se de psicologia-filosófica. Na Individualogia pretende-se ajudar as pessoas (Individualidades) a resolverem todo o tipo de problemas. Pretende-se ajudar as pessoas a autoajudarem-se. Através de um processo de autoconsciencialização, autorresponsabilização e auto-resolução emocional. Através de uma centragem na própria Individualidade. Aquilo que a orientação doutrinária «Individualismo» tem como objetivo fundamental é a pragmática-terapêutica da Individualogia. Tanto a «Individualogia» como o «Individualismo» deverão ser estudados para efeitos terapêuticos. O sentido é: Enquanto que com o ego as pessoas procuram resolver os seus problemas de "fora para dentro", com a Individualogia e a orientação doutrinária «Individualismo» (uma centragem no «Individual») procura-se resolver os problemas de "dentro para fora", tentando-se, dessa forma, contrariar a «síndrome da vitimização». Questões como, autoestima, independência-emocional, sistema de crenças e de escolhas, são centrais. Através de uma analítica de diagnóstico contextual da vida de cada um, dos problemas e doenças de cada um, a Individualogia contribui com formas construtivas, positivas e produtivas, de resolução.

A cada instante as pessoas escolhem. A «escolha» é uma característica ontológica fundamental de todas as Individualidades. Ora, essas «escolhas» deverão estar sempre a ser colocadas em causa. Exatamente por quem? Por quem as realiza. As escolhas, tal como a vida de cada um, realizam-se de "dentro para fora". E é assim mesmo que deverão ser colocadas em causa (de "dentro para fora"). Não há escolhas que não tragam consequências. Quando não se gosta das consequências, o que se tem de fazer é mudar as escolhas (antecedências). Quem é que realiza essas escolhas? Cada pessoa, cada Individualidade. «Individualismo» é autoajuda, é autorresponsabilização, é libertação da condição egoica da «síndrome da vitimização». O primeiro passo que se deve dar diante a «verdadeira autoajuda» é a compreensão de que os outros não são os culpados por tudo o que acontece, aconteceu e acontecerá na própria vida. Autoajuda (em termos de autorresponsabilização), não é só uma questão de humildade, é também uma questão de coragem. A felicidade de cada um começa dentro de cada um, a partir do momento em que cada um se responsabiliza por ela. É isto que a «Individualogia» e o «Individualismo» pretendem: Ajudar as pessoas a serem felizes, a partir de si mesmas. Com autoajuda. Pois só assim é possível. De forma independente e autossuficiente. Com amor, com autoestima.

O que é que foge da autoajuda, quando não se está bem na vida? O mesmo que foge da autorresponsabilização. A autorresponsabilização diante a vida de cada um. A vida de cada um é um reflexo da interioridade de cada um. E esta interioridade realiza-se através de «escolhas», mais conscientes ou inconscientes. Realiza-se através de escolhas, emoções, crenças, ações, hábitos, etc. O que foge da autoajuda é o ego (atitude mental, «sistema de sobrevivência» que serve para se fugir da dor e da morte). Não é imediatamente "fácil" nem "confortável" uma pessoa assumir responsabilidades. Pode "doer". E como pode "doer", o ego leva a que as pessoas prefiram viver de culpabilizações dos outros (inconscientemente). Ora, a «vitimização». Ora, o caminho aparentemente mais "fácil". Com o ego, as pessoas estão sempre a procurar uma realização na vida de "fora para dentro". Responsabilizando os outros, o "fora", pela própria felicidade ou infelicidade. Não querem olhar para "dentro". Não se querem colocar em causa. Não querem repensar aquilo que sentem, aquilo que pensam, aquilo que acreditam, aquilo que escolhem. Não querem mudar as "causas", mas querem que os efeitos se alterem. E como preferem acreditar que as "causas" estão nos outros, por ser aparentemente mais "fácil" para o ego, essa «responsabilidade», querem mudar os outros. O que acaba por gerar muitos conflitos. Pois acabam por tentar mudar à força. Mas o caminho para a felicidade não é o caminho do conflito. É o caminho da harmonia. E essa acontece de "dentro para fora". As pessoas têm de harmonizar a própria interioridade para poderem harmonizar a própria vida. É esta a eticidade. É esta a terapêutica. É este o caminho. É este que deverá ser o caminho. Um caminho auto-harmonização. Um caminho de autoajuda. E cada um tem de fazer o seu. Tem de se responsabilizar pelo seu. Responsabilizar os outros é ego, nada mais. Tenhamos isso em atenção.

© 2017 Blog do Filipe. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie o seu site grátis! Este site foi criado com a Webnode. Crie o seu gratuitamente agora! Comece agora